quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Sobre o filme «Uma Mulher Não Chora» de Akin Fatih, 2017
















O propósito do filme de Fatih Akin é claramente político.

Em Berlim, um ex-traficante de droga Nuri Sekerci (Numan Acar) cumpre a pena devida, reintegra-se na sociedade, casa-se com Katja (Diane Kruger) e é pai exemplar de um menino. Até que um dia, uma bomba colocada perto no local de trabalho mata pai e filho.
No final, como epílogo, surge um esclarecimento sobre o número de vítimas mortais que uma determinada organização nazi já provocou na Alemanha.

O filme é realizado na totalidade em torno de Diane Kruger que constrói maravilhosamente Katjia, aquela que carrega a cruz do sofrimento horrível, da injustiça judicial, da suspeição constante, da vingança final. Diane Kruger faz eclipsar o filme sob o seu olhar torturado, captado sem filtro ou atenuante estética, tornando o espaço sempre claustrofóbico mesmo na grande sala de audiência.

A expressividade da actriz é única e dá à narrativa a tonalidade plástica que só algumas mulheres conseguem. Dir-se-ia «glamour» ou «sex appeal», não fosse um filme tão justo contra a ignomínia xenófoba, contra o horror do nazismo contemporâneo.

Porém, existe uma ânsia no filme em explicar tudo e terminar todas as pontas narrativas que coloca a personagem Katja numas certas bolandas apressadas que poderiam ser evitadas para melhor oferecer ao espectador a dor de tão terrível mas tão actual crime.

Resumindo, «Uma Mulher Não Chora» é um óptimo filme de acção que deve ser visto por todas as razões. Claro, também pela mais bela Diane Kruger.

jef, janeiro 2018

«Uma Mulher Não Chora» (Aus Dem Nichts / In The Fade) de Fatih Akin. Com Diane Kruger, Denis Moschitto, Numan Acar, Samia Muriel Chancrin, Johannes Krisch , Ulrich Brandhoff. França / Alemanha, Cores, 106 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário