segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Sobre o filme «Contratei um Assassino» de Aki Kaurismäki, 1990

















Neste curto filme fuma-se e bebe-se muito. Os sorrisos são sintomáticos, ligeiros e parcos, pontuando por vezes as cenas de paixão. As marcações de cena são tensas, as frases ditas, entrecortadas por silêncios dramáticos. Os cenários são verdadeiros cenários, a um passo de se desmoronar. Nada parece real mas tudo é verdadeiro. Marca indelével do realizador, assim como a sua comédia. Trágica e inteligente. Elegante.

Henri Boulanger (Jean-Pierre Léaud) é francês em Londres e, por isso, é mais facilmente despedido. Tenta o suicídio mas não é eficaz. Contrata alguém. Porém, enquanto o aguarda, enamora-se por uma vendedeira nocturna de rosas, Margaret (Margi Clarke). E o amor salva-los-á.

Como se Kaurismäki convocasse Bartleby (Melville) e o cruzasse com Buster (Keaton) e, depois, o entregasse aos movimentos cronométricos de Bausch (Pina) e às palavras sopesadas de Beckett (Samuel).

Entretanto, ficamos a ouvir «Afro-Cuban Be Bop» de Joe Strummer and The Astro-Physicians.

jef, janeiro 2018


«Contratei um Assassino» (I Hired a Contract Killer) de Aki Kaurismäki. Com Jean-Pierre Léaud, Margi Clarke, Kenneth Colley, Angela Wals, Nicky Tesco, Charles Cork, Michael O’Hagan, Walter Sparrow, Joe Strummer, Serge Reggeanni. Finlândia / Grã-Bretanha / Alemanha / Suécia, 1990, Cores, 76 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário