segunda-feira, 16 de abril de 2018

Sobre o disco «Laço Umbilical» de Lucibela, Lusafrica 2018






Há discos assim. Viciam. Obrigam a gastar a tecla «repeat». Clarificam o gosto musical. Melhor, identificam o que procuramos insistentemente no fundo do fundo da música.

Lucibela lança o primeiro álbum e com ele refaz a perspectiva do que é o meu pré-conceito de música cabo-verdiana. Nada disto é verdadeiramente “morna” ou “coladeira”, sequer “valsa”, “mazurca”, “fado”, “samba” ou “jazz”. Contudo «Laço Umbilical» não provoca qualquer hiato com a tradição de um dos países mais musicais do mundo, nem com as raízes negras ou ramos latinos que a faz respirar.

Cabo Verde está lá todo, tradicional e moderno, alegre e nostálgico, dançante e terno. Graças a essa maravilhosa doçura de contralto-quase-lírico de Lucibela. Graça aos arranjos de Toy Vieira, tão simples, suaves e libertos, que parecem difíceis de imaginar. Graças a essa magia que faz cobrir a saudade com a poeira levantada pelo pé de dança.

Claro! Está lá Manuel de Novas unido ao mais jovem Mário Lúcio e à belíssima e novíssima Elida Almeida. 

Claro! Em «Laço Umbilical» está tudo o que eu quero de um disco. 

Talvez grande parte de mim esteja contido nestas canções!

jef, abril 2018

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