quarta-feira, 14 de março de 2018

Sobre o filme «A Vida de Boémia» de Aki Kaurismäki, 1992
















Este filme é magnífico.
Representa o espírito de liberdade criativa, fuga ao comprometimento estético vigente e respeito pelo eterno modo dramático. Assim é o cinema de Aki Kaurismäki.
Acima de tudo é um filme sobre a génese do amor e do cinema.
Aki Kaurismäki interpreta a arte cinematográfica como modo de subscrever o acto vital, esse modo romântico, apenas dele, que faz da tragédia uma comédia interpretada por entes bondosos.
Aqui temos Rodolfo, o pintor (Matti Pellonpää), Marcel Marx, o escritor (André Wilms), Schaunard, o músico vanguardista (Kari Väänänen), Mimi (Evelyne Didi), Musette (Christine Murillo) e Baudelaire (Laika), o cão poeta, apaziguador da dor e da ausência, companhia de um grupo de artistas pobres e pouco reconhecidos, mas que constroem a sua sociedade em torno da Arte e da Amizade sem limites. No final, Laika, em corrida em direcção ao negro, duplica-se. Um sinal benfazejo, assim assumo.
As cenas e as personagens o realizador vai buscar a «Cenas da Vida de Boémia» de Henry Murger, um escritor que não é lido mas ouvido pelas pautas de Puccini.
Este é um filme que me lembra por vezes Wim Wenders ou Jim Jarmusch, outras vezes Charlie Chaplin ou Jacques Tati.
Um filme magnífico a transbordar de humor, tragédia, teatro e ternura.

jef, março 2018
                                                                 
«A Vida de Boémia» (La Vie de Bohème) de Aki Kaurismäki. Com Matti Pellonpää, Evelyne Didi, André Wilms, Kari Väänänen, Christine Murillo, Jean-Pierre Léaud, Laika, Carlos Salgado, Alexis Nitzer, Sylvie Van Den Elsen, Gilles Charmant, Dominique Marcas, Samuel Fuller, Jean-Paul Wenzel, Louis Malle. Fotografia: Timo Salminen. França / Itália / Suécia / Finlândia, 1992, P/B, 98 min.

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