sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Sobre o disco «Caravanas» de Chico Buarque, Biscoito Fino / Discmedi, 2017













Chico Buarque tem uma perpétua voz de menino que ultrapassa o limite do horizonte e a idade. Não descura a melodia que cada palavra incrusta na orquestração. Procura o tema com a doçura política da poética não temendo resolver questões ditas «fracturantes» ou «modernistas» ou «facebookianas» com um naipe de cordas ou um vaipe de sopros ou um acordeão a tocar a valsa musette sobre a suprema união amorosa contra a suprema decisão do destino.
Basta ouvir a alegre e triste primeira faixa «Tua Cantiga».
Basta ouvir a desesperada e esperançosa última faixa «As Caravanas».
Quem nunca ficou preso a Chico Buarque nunca terá ouvido uma única cantiga a tocar na rádio, «não terá lido as rimas que o músico nunca escreveu, não se apaixonou pois ninguém nunca se apaixonou».
Chico Buarque em «Caravanas» volta a não ter idade e merece um prémio Nobel da Química do físico e do Corpo das palavras.


jef, outubro 2017

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