O
Senhor Leonardo sentado no banco do jardim, matutava.
«Há
certas alturas da vida em que a própria vida parece reclamar, indigna-se com
quem a agarrou, com quem a aprisionou dentro de um corpo, por ser um corpo
condicionado à gravidade terrestre, à pressão atmosférica, ao ser social e
político, ao ser humano, aos gatos e cães, ao amor, ao ódio, aos livros lidos,
ao bacalhau deglutido, digerido e defecado, ao sorriso e ao esgar dos outros,
ao irs e comissões bancárias, às bactérias e parasitas, aos credos, à memória, à
cor do céu e das florestas. Um estar limitado à sua própria razão de
existência, ao seu próprio instinto.»
Nessas
alturas, a vida enunciava ao Senhor Leonardo, um tudo-nada contrariada.
«Eu
ando a precisar urgentemente de tudo!»
jef,
março 2017
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