Cinema
funcional.
«Fruitvale
Station» é a prova de que as Artes (tal como as Ciências e os Ofícios) são o princípio
que melhor define a humanidade. São a prova mas também a garantia do seu
futuro. Porque têm uma função. Este filme é exemplo disso. Sabemos o que vamos
ver, conhecemos o final, sabemos que a realidade mais dura e injusta está no
seu fundamento e que esse fundamento é político. É realizado para mover
consciências privadas e públicas, fingindo a realidade. E no entanto, o Cinema
todo está lá dentro, nesse encantamento emotivo de pessoas, imagens e sons, que
dificilmente passa sem a mestria de colocar a câmara frente ao rosto dos
actores, no meio do movimento dos seus corpos, oferecendo ao espectador a
realidade desse fingimento, provocando a emoção, dando-lhe a causa, erguendo a
sua função como bandeira. Em retórica chamar-se-ia «pathos» a essa capacidade comovedora
de transmitir ideias. Contudo, a realidade está aqui, nesse 1º de Janeiro de
2009, na Fruitvale Station, reservando-a na nossa emoção, na nossa consciência.
Para sempre.
jef, março
de 2014
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