terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Sobre o livro «Uma Caneca de Tinta Irlandesa» de Flann O’Brien, Cavalo de Ferro, 2013


















O autor profetiza: «um bom livro pode ter 3 inícios completamente diferentes, podendo terminar de 300 maneiras igualmente diferentes» (página 9). O próprio chega-se à frente e concretiza-o. Na página 28, acrescenta: «o romance, nas mãos de um autor sem escrúpulos, pode ser despótico». Por isso, sou tentado a concordar e também passarei a ler apenas livros com capa verde (o livro de Cesário e o de João de Deus, são sugestões minhas). Terminada a leitura, fico com muito mais respeito pelos romances de cowboys, pela índole feminina dos marsupiais e pelos malefícios da cerveja, do tabaco e do chá (principalmente nas instituições de caridade dedicadas a idosos). Fiquei também a respeitar as Epíboles e as Anadilopses. Entabulei amizade com um Cacodemónio e um Agatodemónio. Já agora, onde poderei adquirir a enciclopédia «Panorama das Artes e das Ciências Naturais»? Aviso final: este romance é uma obra muito séria para quem gosta de ler e reflectir sobre a natureza íntima desse gesto cognitivo. Uma experiência sobre os discursos, directo e indirecto; sobre as diferentes culturas, a clássica, a cristã, a gaélica ou uma outra qualquer; sobre a democracia, a cortesia e o julgamento em sociedade. Um clássico da iconoclastia, publicado em 1939.
Um livro infalível para o ano de 2013.

jef, junho 2013

A tradução é de Maria João Freire de Andrade.

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