«Stories only exists in
stories (where as life goes by without the need to turn into stor...) Life
without stories, it isn’t worth living.» Vamos lendo, vamos ouvindo, por dentro
de um filme.
Vivemos em permanência entre o passado terminado e o desejo
de um futuro permanentemente fora do nosso alcance. O que fazer com a fina epiderme
do presente sem possibilidade de história ou redenção? «O Estado das Coisas» assume a tese, a antítese, a síntese do
paradigma.
«Os Sobreviventes» está a ser rodado em Sintra. O Planeta não
oferece condições e as famílias caminham à procura de um lugar seguro que as
acolha… mas a película termina, o financiamento não aparece, Hollywood
distancia-se, os actores e toda a equipa de rodagem ficam suspensos numa Lisboa
que aguarda salvação. O realizador Friedrich Munro (Patrick Bauchau) parte em
busca de dinheiro e de Gordon (Allen Goorwitz), produtor desaparecido, mas Los
Angeles espera também pelo presente. Nada a fazer! Aguardemos também.
«A vida pode ser a cores mas o preto e branco é mais
realista!» diz Samuel Fuller, o realizador, aqui Joe, o cameraman. A América
quer seduzir a Europa mas já ninguém vê filmes a preto e branco. Já ninguém
olha para o passado. Relíquia Macabra, Sublime Expiação. Charles Laughton, Jonh
Ford, Douglas Sirk, John Huston…
Mas o sonho do futuro permanece por cumprir (tese) e apenas
nos agarraremos às imagens que ficam captadas no passado (antítese). Em «O
Estado das Coisas» cada plano é afinal a absoluta síntese estética desse
desamparo, dessa multifacetada angústia e declínio.
América, Europa, para que as queremos?
Haverá ainda algum
planeta seguro onde o presente não se derreta inexoravelmente? Quais as
palavras inventadas pelos alemães para dizer naufrágio, suspensão, tédio?
jef, janeiro 2017
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