sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Sobre o filme «Nebraska» de Alexander Payne, 2013


















Visitar a memória construída de novo.
Há filmes assim, que parecem simples, comuns, invariáveis. Filmes que filmam aquilo que julgamos já conhecido. Exactamente como quando revisitamos certos locais, certas cidades, certos amigos. Nós gostamos, sentimo-nos em casa. Certamente já serão (estarão) diferentes, mas nós sentimo-los invariáveis, comuns, simples. Sentimo-nos reconfortados, como se nos pertencessem. (E pertencem.) Pertencem a uma América de estradas sem fim e que reconstruímos continuamente em nosso benefício. Aí revisitamos alguma coisa que nós somos e que a nossa memória guardou (alterou) mas talvez tivéssemos esquecido. «Nebraska», lembra o álbum de Bruce Springsteen (1982), lembra também «Uma História Simples» de David Lynch (1999). Lembra uma América que faz parte de nós e que Frank Capra (1897-1991) ajudou a edificar. Forte, impulsiva, agreste, ampla, mas, ao mesmo tempo, generosa, bela (muito bela), atenta (muito atenta). Há filmes, assim, para serem contemplados, para serem ouvidos, para serem devolvidos à memória revisitada (para sempre).

jef fevereiro 2014

«Nebraska» de Alexander Payne, 2013. Com Bruce Dern, Will Forte, June Squibb, Bob Odenkirk, Stacy Keach. EUA, 2013, Cores 115 min.

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