terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Sobre o filme «Minha Alma Por Ti Liberta» de François Dupeyron, 2013


















O Bom Gigante
Ou me engano muito ou este filme irá parar directamente à lista dos filmes mais injustiçados de 2014. Ninguém o irá ver às salas (ao Monumental, em Lisboa), ninguém comprará o dvd, ninguém o sacará à net. Arranjarão mil e um defeitos para o castigar, a começar pelo excesso de filtros e «brilhos» do Sol. Neste último caso, concordo. Porém, é um filme com características extraordinárias. É um filme sobre a bondade e o perdão, e todos sabemos como a bondade e o perdão não cativam a cultura (e a política). É um filme onde os personagens giram afectivamente em torno uns dos outros em cenas e diálogos entrecortados, aparentemente sem sequência, mas com consequência face ao núcleo familiar. No centro situa-se Fredi (Grégory Gadebois) em acto puro de composição dramática, acompanhado no desamparo, na inquietude e na solidão, por seu pai (Jean-Pierre Darroussin). Ali ninguém está só, todos voltam atrás para se desculparem, por sentirem o erro, por preferirem o amor à acusação. Ninguém se rende. Todos regressam por que desejam ser curados. Existe um universo de personagens-figurantes que, discretamente, humildemente, pedem pela cura. O outro pede desculpa por não lha poder entregar. São os outros que lha dão.
Poderá a bondade curar? E o perdão?

jef, junho 2014

Sobre o filme de François Dupeyron “Minha Alma Por Ti Liberta” (Mon Âme par Toi Guérie). Com Grégory Gadebois, Céline Sallette, Jean-Pierre Darroussin, Marie Payen, Philippe Rebbot. França, 2013, Cores, 123 min.

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