O Bom Gigante
Ou me engano muito ou este filme irá parar directamente à
lista dos filmes mais injustiçados de 2014. Ninguém o irá ver às salas (ao
Monumental, em Lisboa), ninguém comprará o dvd, ninguém o sacará à net. Arranjarão
mil e um defeitos para o castigar, a começar pelo excesso de filtros e
«brilhos» do Sol. Neste último caso, concordo. Porém, é um filme com características
extraordinárias. É um filme sobre a bondade e o perdão, e todos sabemos como a
bondade e o perdão não cativam a cultura (e a política). É um filme onde os
personagens giram afectivamente em torno uns dos outros em cenas e diálogos entrecortados,
aparentemente sem sequência, mas com consequência face ao núcleo familiar. No
centro situa-se Fredi (Grégory Gadebois) em acto puro de composição dramática,
acompanhado no desamparo, na inquietude e na solidão, por seu pai (Jean-Pierre
Darroussin). Ali ninguém está só, todos voltam atrás para se desculparem, por sentirem
o erro, por preferirem o amor à acusação. Ninguém se rende. Todos regressam por
que desejam ser curados. Existe um universo de personagens-figurantes que,
discretamente, humildemente, pedem pela cura. O outro pede desculpa por não lha
poder entregar. São os outros que lha dão.
Poderá a bondade curar? E o perdão?
jef, junho 2014
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