segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Sobre o filme «Eu, Daniel Blake» de Ken Loach, 2016














Todo o cinema é político!
Sem querer citar George Sadoul, recorro frequentemente à sua História do Cinema Mundial, publicada pelos Livros Horizonte nos anos 80 do século passado. Todo o cinema, toda a arte, são criados no seu tempo e ensopam-se de qualquer coisa actual que um dia virá a fazer parte da História.
Ao ver «Eu, Daniel Blake» recordo «A Terra Treme» de Luchino Visconti (1948), «Ladrões de Bicicletas» de Vittorio De Sica (1948), «Roma, Cidade Aberta» de Roberto Rossellini (1945), «A Estrada» de Federico Fellini (1954). Com eles vejo a necessidade de mobilização contra uma sociedade-sistema que se serve do indivíduo-máquina para garantir um modo económico abstracto e abjecto.
Mas também me lembro, ao assistir à comovente história deste carpinteiro, gentil, amoroso, generoso, sorridente, que luta pelo equilíbrio social contra essa tal sociedade-sistema, de «O Grande Ditador» de Charlie Chaplin (1940), «Do Céu Caiu Uma Estrela» de Frank Capra (1946), ou a «A Cor Púrpura» de Steven Spelbierg (1985).
Apesar da revolução industrial já ir longe, de terem derrotado o neo-realismo, o que será de uma sociedade que, por sistema, se esquece daqueles que a sustentam?
O que é o cinema sem a estética da emoção e da comoção?
O que seria da nossa alegria, das nossas lágrimas, da mobilização da nossa consciência sem «Eu, Daniel Blake»?

jef, dezembro 2016

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