A Linha de Sintra e o IC19 dizem mais de Lisboa que grande parte das
descrições feitas nos guias turísticos do Centro da Capital, porque, para
muitos, a capital é mesmo Capital mas anda despovoada, desguarnecida,
desvairada, dedicada a empregados sem contrato ou a desempregados em busca de
serem contratados. Assim fala Pedro Vieira em «Última Paragem, Massamá»
enquanto narra a história de Vanessa que conhece Lucas no Centro de Emprego e
Formação Profissional; de Lucas que conhece João ao balcão de uma dependência
bancária; de João que conhece Vanessa à porta da enfermaria para
infecto-contagiosos onde Lucas está internado, a contas com o vírus, o remorso
e a memória. Aqui nada revelo pois tudo é esclarecido na segunda página do
romance. Esta é a história de Edson, Luana e Patrícia que também fazem na Linha
de Sintra as suas viagens de vai-e-vem, entre noites mal dormidas e dias mal
vividos. Esta é a história da traição sofrida por Públio Quintílio Varo às mãos
dos aliados germânicos, na batalha da Floresta de Teutoburgo, 9 d.C.; a
história de Augusto e de um Império que estremece. A história de uma cidade que
será sempre Capital até ao último suicídio.
jef, janeiro 2014
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