quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Sobre o livro «Se fosse fácil era para os outros» de Rui Cardoso Martins, Dom Quixote 2012












A viagem continua… com crédito em cartão. 
Uma viagem sem retorno, um cartão sem direito a estorno, pois é vingado. Uma viagem sem exterior porque realizada ao interior de um território a que costumamos chamar «América», a Grande. E é interior porque estamos a viajar pela sua paisagem, construção de Rui Cardoso Martins (e nossa) sobre o seu corpo, imagem amada, que cada um transporta dentro de si. De Nova Iorque, da tragédia e da cerveja irlandesa, até Nova Orleães, das grandes barreiras aquáticas e dos lagostins da Louisiana. Escravos negros, índios em reserva, cowboys e canyons, Las Vegas e Monument Valley. 
E todos sabemos como são belas as viagens, mas não são fáceis!
Rui Cardoso Martins retoma o caminho pelo mundo das histórias, de muitas histórias diferentes. No entanto, a viagem é a mesma, e o crédito está garantido. Cláusula única no contrato, em letra maior: ninguém pode fazer «aquela» pergunta, ninguém pode olhar para Eurídice.
Dizem que John Ford, um dos mais geniais e prolíferos realizadores de sempre, passou a vida e realizar o mesmo filme, a mesma paisagem, o mesmo herói. Basta lembrar o céu e as nuvens em «Forte Apache» (1948), ou a turbulência étnica em «A desaparecida» (1956).
Como nos cromos, Rui Cardoso Martins vai completando a nossa caderneta de imagens, fixando a melhor memória.


E no fim fica a ressoar a maldição (ou constatação) de António Vieira: «Pelo que fizeram, se hão-de muitos condenar. Pelo que não fizeram, todos.»


jef, maio 2013

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