sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Sobre o livro «Correios» de Charles Bukowski, Antígona 2010 (1971)















«Onze anos. Apesar de cada noite ter sido longa, os anos passaram depressa. Talvez fosse por ser trabalho nocturno. Ou por fazer a mesma coisa repetidamente.» diz Henry Chinasky, homem bom e inteligente, hábil com a caneta, amigo dos seus amigos e dos animais, relativamente cumpridor da lei dos Correios, local onde distribui a correspondência por cacifos numerados, em modo cronometrado. Também é muito, muito amigo das mulheres e do sexo, da bebida e das corridas de cavalos. Violento? Só quando o tentam roubar e vê brilhar a lâmina da navalha… O GPS diz que estamos nos Estados Unidos da América, 1969, o país da pré-guerra, dos conflitos raciais, dos cowboys e dos búfalos, da «supervisão científica». Se pedissem para colocar neste livro os pontos cardeais da narrativa exemplar, eu diria que era uma comédia sexual, nostálgica e terna, sobre a resistência à ressaca e aos males do amor; uma crónica sobre a sobrevivência à frustração. Um libelo moral que ensina ser o humor e a inteligência as grandes ajudas contra a adversidade e a solidão.

jef, outubro 2013 / novembro 2016

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