quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Sobre a leitura de «Que Importa a Fúria do Mar» de Ana Margarida de Carvalho, Teorema, 2013














Ao ler «Que Importa a Fúria do Mar» verificamos que, com o passar das páginas, somos pescados para dentro do romance, seguindo a linha da história, iscados pela minúcia de milhares de objectos. O Mar, esse, é o mesmo oceano que banha a Marinha Grande (18 de Janeiro de 1934), Vila Praia de Âncora, o Porto e o Tarrafal, não o dos «resorts» mas o da «frigideira». O barco é o «Luanda». O peixe é arraia-miúda. Ou talvez não. Neste livro, percebemos onde, dentro de nós, se finca o anzol que é o gosto pela leitura. Ficamos também a saber que é no detalhe que reside a literatura. Tal como a conversa. E esta, tal como a literatura, é feita de cerejas. Qualquer coisa que deleita, entretém e entretece os fios do conhecimento / curiosidade. Como uma pinça ou agulha que vai buscando e cerzindo as memórias, as mnemónicas, os silogismos, na teia do desconhecido. Resumindo, Ana Margarida de Carvalho é uma contadora de histórias, ideias e imagens, em linha com José Saramago ou Rui Cardoso Martins – o humor e a tragédia, o amor e a fúria, o microscópio e a luneta astronómica. Tudo no mesmo plano. Tudo com barcos, aventura e muitos bichos. Leitura perfeita.

jef, junho 2013

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