Andrei Tarkovsky (1932 – 1986)
Hesitei em adquirir a caixa com os oito filmes, a obra
completa de Andrei Tarkovsky, agora editados. Fiquei na dúvida se tais obras
resistem ao formato encaixotado, doméstico, franzido, sempre à espera que o
telefone se intrometa ou o vizinho barulhe.
Tenho a sensação que a sua beleza superior está contida no
efémero de uma tela maior quando nos cinge e liberta numa sala negra e, em
simultâneo, luminosa. Na ausência de nós próprios. Apenas no nosso cérebro e na
nossa pele. A ideia e os sentidos.
Em retrospectiva íntima, surgiram-me duas palavras para definir o
que sinto por tais filmes: Poesia ecuménica.
Fui ao dicionário.
Poesia – carácter daquilo que, por ser considerado belo ou
ideal, desperta uma emoção ou sentimento estético.
Ecúmena – área da superfície terrestre habitada
permanentemente pelo homem. Do grego oikouméne «a terra habitada». Qualquer
coisa ligada a «casa».
E levei os DVD para casa.
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