sábado, 30 de abril de 2016

Reflexo urbano












Há qualquer coisa no reflexo
(ali, sobre o asfalto molhado)
que nos diz que aquilo está para além do que se vê,
está para além de nós.
Aquilo que ali está vai para além do que se acredita.
E nós mantemos os pés juntos como se eles garantissem que aquilo que se vê ali na rua,
espelhado na água da noite,
é o que jamais será
(reflexo de prédio e meio e luminárias urbanas em simetria),
reflexo de nós.
Mas talvez seja esse além do acreditar,
essa ideia perene do improvável palpável
que nos mantenha os pés juntos,
e garanta a alegria instável de suspeitar que o centro de gravidade
continuará em geometria linear com a base de sustentação
do futuro.

jef, abril 2016

Sem comentários:

Enviar um comentário