quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Sobre o filme «O Sacrifício» de Andrei Tarkovsky, 1986










A guerra, as contradições.
O filme está cheio de contradições. E de guerras.
As nossas contradições, as nossas guerras.
O genérico é um perfeito anacronismo: o pormenor de «Adoração dos Magos» de Leonardo da Vinci é olhado enquanto se escuta uma das mais belas árias da «Paixão Segundo São Mateus» de Johann Sebastian Bach –Erbarme Dich”. Logo de seguida, preparando um aniversário, fala-se de Nietzsche. Por um lado, voltar a viver continuamente porém esquecendo continuamente as vidas passadas, sem possibilidade de redenção. A subida à montanha, o eterno sacrifício e penitência. Por outro, ali é referido: com método ou por sistema, se uma certa árvore morta for regada durante três anos, todos os dias, ela acabará por florir.
E quando a guerra irrompe e apenas existe ausência de espiritualidade e a proximidade nuclear, que fazer? Talvez regressar ao ventre e ao amor da mulher. O eterno regresso. A única chance da já referida redenção. O corpo de Maria.
E, no final, de regresso ao fogo inicial e ao paraíso perdido, permanece a esperança na criança e nesse regar de uma árvore morta.
Com método, talvez floresça.
E o método inicial é a palavra como referia o sábio evangelista do Apocalipse.

jef, fevereiro 2016

“O Sacrifício” (Offret / The Sacrifice) de Andrei Tarkovsky. Com Erland Josephson, Susan Fleetwood, Allan Edwall, Sven Wolter, Valérie Mairesse Guorun S. Gisladóttir. 1986, 125 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário