terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Sobre o filme «Nostalgia» de Andrei Tarkovsky,1983













Saudades de casa.

Suspeito que existem apenas dois modos de compreender integralmente o que é ter saudades de casa. Ler a Odisseia de Homero ou ver Nostalgia de Tarkovsky. Essa emoção catártica que se instala no interior profundo de cada um quando a viagem acinzenta; essa falta da mãe, do quarto, de um parto por que passámos mas não recordamos; esse fugir sem querer fugir; esse pedir pelo que já vivemos mas não pudemos suster. Essa busca insana. Esse saber onde se encontra o nó extraordinário em certa trave da madeira que sempre tocámos e apenas nós reconhecemos. 
Andrei Tarkovsky conta como é possível viver sete anos fechado em casa sem ver a luz do Sol e depois imolar-se pela luz. 
Andrei Tarkovsky sabe de quantos ossos é feita a memória do que já não regressa.
Andrei Tarkovsky sabe muito bem a estrutura celular de cada um de nós.

jef, fevereiro 2016

Andrei Tarkovsky, “Nostalgia” (Nostalghia). Oleg YanKovskiy; Erland Josephson, Domiziana Giordano, Patrizia Terreno, 1983, cores, 125 min.

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