segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Noite de Halloween. Dia de Todos os Santos. Dia de Finados.












Noite de Halloween. Dia de Todos os Santos. Dia de Finados.

Nunca devemos perder o sentido do nosso desassossego. Mesmo desconhecendo onde, num dado instante, este se encontra. Por vezes, esconde-se, anda cosido com as paredes, finge não nos afectar, até parece andar contente, distraído de nós. Ser independente do nosso sossego. Desengane-se quem pensa que, por fim, partiu de vez, podendo descansar e esquecer o lugar de onde veio.
Não. Esse quem está perante um acto ilusório.
Pelo contrário, o desassossego apenas recua para trás da árvore, faz um cocó, alivia a sua própria dor, desfaz a pressão, para depois tomar balanço e dar, ainda com mais força, um pulo assustador, aparecendo repentinamente à nossa frente.
Faz «Buuuu!».
Nós damos um salto, o coração na boca. No silêncio, assustamo-nos, gritamos sem fazer barulho e acabamos a olhar para o chão, a palma das mãos suadas, o rosto corado, como a criança perante o vidro partido.
Arrependimento, remorso, culpa... O desassossego alimenta-se de várias espécies de abóboras-meninas.
A morte momentânea arrebata-nos para os carris do absurdo e nós, por um momento, morremos com ela, desconhecendo de onde ela saiu, para onde nos levou. A morte perene fica por perto.
Depois as células recolhem à sua valva, esquecem, como esquecem todas as células de qualquer ser vivo que tem o dever da sobrevivência. Acalmam-se e voltam ao acto ilusório.
O desassossego foi só ali atrás da árvore fazer um xixi.

jef, novembro 2015

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