quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Sobre o filme «As Mil e Uma Noites, Volume II – O Desolado» de Miguel Gomes, 2015















O realismo do absurdo.

Neste volume é narrada a história da fuga e da captura do pérfido Simão «Sem Tripas», da exausta juíza que se comove por tudo, e ainda da vida de um prédio, semelhante a uma torre decrépita, onde morou um cão simpático de nome «Dixie».
Tudo junto, o filme deixa aquela angústia tola que Portugal coloca dentro dos seus viventes há longo tempo. Um país cheio de almas soltas, sem eira nem beira, mas que vão resistindo em colectivo pois assim cumprem as leis do governo, da biologia e de Deus. Também as leis do caos e do desejo.
Na alma do espectador fica o caruncho da nostalgia, essa triste perda de uma casa que os gregos sabiam como ninguém. De Ulisses e dos bancos somos todos altos devedores.

Miguel Gomes e Xerazade dizem que a realidade tem artes de dar coesão, talvez justificação, ao absurdo que enche as páginas dos jornais e as redes ditas da sociedade.

jef, outubro 2015

«As Mil e Uma Noites, Volume II – O Desolado» de Miguel Gomes. Crista Alfaiate, Crista Alfaiate, João Pedro Bénard, Isabel Muñoz Cardoso, Luísa Cruz, Adriano Luz, Américo Silva, Teresa Madruga, Margarida Carpinteiro, Gonçalo Waddington. Portugal / França / Alemanha / Suiça, 131 min.

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