segunda-feira, 31 de agosto de 2015

sobre o filme «A Fonte da Virgem» de Ingmar Bergman, 1959













A Estética e o Verbo.
Apesar de parecer uma arcaica fábula de natureza religiosa, onde são invocados o Deus Odin e o Deus de Cristo, onde também é nomeado o Diabo como figura principal de retórica, sobre todas elas paira uma quarta imagem, mais poderosa que as anteriores. A Estética. É esse lugar poético e abstracto que poderá garantir a sobrevivência da Ideia.
Tudo conduz à encenação e preparação da tragédia, à consumação desta e, finalmente, à redenção de quem assiste a uma história. Eterna. O confronto entre Ingeri (Bunnel Lindblom) e Karin (Birgitta Petersson), em que o bem e o mal trocam de identidade. A simplicidade chã dos algozes, cuja culpa é suspensa na morte de uma criança amargurada e arrependida por um crime que não cometeu. O pecado confesso de quem vinga. Uma bétula que é vergada até quebrar. A procissão dos aflitos em busca de um corpo virginal e morto. A busca de uma salvação improvável. A água sagrada que lava a consciência. A fonte em redor da qual os sobreviventes se dispõem numa cruz de pena e penitência. Um milagre colocado nas imagens olhadas como palavras iniciáticas. O Verbo, supremo bem da humanidade.
Caso exista Deus, ele residirá na Beleza!

jef, agosto 2015

«A Fonte da Virgem» (Jungfrukällan) de Ingmar Bergman, 1959. Com Max von Sydow, Birggita Vahlberg, Bunnel Lindblom, Birgitta Petersson, Alex Duberg, Tor Isedal, Ove Porath, Allan Edwall, Axel Slangus.
jef, agosto 2015

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