As mãos no fogo.
Poderemos nós confiar na luz branca da neve? Ou no «Inverno» de Vivaldi quando acompanha as explosões das
avalanches controladas nos Alpes?
Este é um filme que toca a questão primordial do grau de confiança.
E não é de estatística que fala! Ele fala dessa fronteira estranha, extrema e
mais íntima do conhecimento do outro quando é posta em causa por uma situação
limite. Ficamos a conhecer melhor o outro mas a confiança é quebrada. As
verdades são confrontadas, digamos acareadas, pela gravação das imagens num
telemóvel. Confrangedoras ao tornarem-se públicas. O abismo afunda-se sob a
avalanche descontrolada da incredulidade, ou da declaração de um passado até
ali incompreendido.
Narrado tudo num misto de drama puro e comédia suspensa. Por
isso, alguns espectadores riem tanto, talvez por nervoso, talvez pelo enorme
incómodo. Um suspense muito fino, uma tensão tão arguta quanto bruta a lembrar
«Sonata de Outono» de Ingmar Bergman (1978) ou «Spellbound / A Casa Encantada»
de Alfred Hitchcock (1945).
E a luz branca da neve, cega ou esclarece?
E por quem pomos nós as mãos no fogo?
jef, maio 2015
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