domingo, 12 de abril de 2015

Sobre o filme «Stromboli» (1949-1950) de Roberto Rossellini




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Que pretenderá Rossellini do espectador?
 
Sabendo que é um dos realizadores mais declaradamente políticos da história do cinema, quererá ele que nós tomemos partido pela lituana sem passado nem futuro, expatriada, refugiada de guerra, Karin Bjorsen (Ingrid Bergman), contra o «horrível povo» que habita a inabitável ilha de Stromboli? Ou deseja que aplaudamos o sacrifício iniciático e fundamental de um povo contra a colaboracionista, oportunista e leviana Karin, que chega àquela ilha, àquele povo, porque não lhe permitem viajar para a Argentina?
Afinal, que raio de neo-realismo é este?
Afinal, onde ficará a moral do espectador?
Talvez na beleza do rosto adormecido de Ingrid Bergman sobre as cinzas negras do vulcão, aguardando a paz rogada. Se Rossellini deseja que nos apaixonemos pela actriz, isso está garantido. Se deseja que cumpramos esse desígnio existencialista de sobrevivência na demanda de Força, de Coragem e de Esperança, isso só cada um dos espectadores poderá dizer, 65 anos após a realização do filme.
Eu tentarei o desafio.
Talvez seja mesmo essa a verdadeira «Política do Realizador» contra a «Sociedade do Espectáculo».

 jef, abril 2015

«Stromboli» (1949-1950) de Roberto Rossellini. Com Ingrid Bergman, Mario Vitali, Renzo Cesana, Mario Sponza, Roberto Onorati e o povo da ilha de Stromboli.

1 comentário:

  1. O filme pode ter as camadas e a complexidade que tu quiseres. Para mim a mais simples é ter sido a oportunidade de passar uns dias em Santorini com Ingid Bergman, caso as cenas com erupções e pessoas sejam FX.
    Apesar da situação desconcertante do confronto entre as diversas belezas, parece tudo muito verosímil, pesca do atum, erupções e até a bifa no mediterrâneo.

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