quinta-feira, 30 de abril de 2015

Sobre o filme «A Quietude da Água» de Naomi Kawase (2014)
















Mar chão ou a oportunidade perdida.

Este é um filme que tinha tudo para dar certo. 
(Um filme que eu gostava que desse certo.)
As longas cenas sobre a natureza das ilhas japonesas Amami. Os recifes de coral e os peixes, os mangais e os caranguejos, os trópicos, sobretudo a intranquilidade do mar em torno dos tufões ou a bonança das nuvens num céu amplo. O sacrifício sagrado do anho e a dança da morte. As belíssimas cenas entre Kioko (Jun Yoshinaga) e os seus pais. A questão (eterna) do medo do mar significar o medo da morte (ou o medo da vida).
Porém, Naomi Kawase encanta-se pelo ímpeto da natureza sem tocar no travão de mão, na tesoura, e a história afunda-se, alonga-se quase em prece até um final, cujas pontas devem, a todo o custo, conjugar-se para serem felizes. Perde-se o equilíbrio cinematográfico entre o humano e o natural. Retira-se (um pouco) a emoção ao espectador.

E se Naomi Kawase passasse pelo Nimas, em Lisboa, e estudasse um dos mestres da acção rápida, da emoção lenta e da montagem, que dá pelo nome de Roberto Rossellini?
(Sim, quero ser parcial... Rossellini é um génio!)


jef, abril 2015

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