quinta-feira, 23 de abril de 2015

Sobre o filme «Phoenix» de Christian Petzold (2014)














O que terá o século XX que não nos deixa em paz?

«Speak Low», sussura Kurt Weill. É o mote (ou o anti-mote) tocado, dito e cantado nas cenas iniciais do filme. Também é a canção que lhe coloca o ponto final. Ouve-se «Night and Day» de Cole Porter e, ainda, a luz da cidade e meia que é Berlim. Mas a luz é coada, destruída, derramada sobre a anti-cidade, fotografada segundo Hans Fromm. Berlim está repartida por sectores e permanece em guerra depois da guerra. Regressam os poucos que sobreviveram à chacina dos campos de concentração, muitos desfigurados por tiros pouco certeiros. Também as heranças desses mortos-vivos. Mais a cobardia e a traição, palavras que suportam emocionalmente todo o filme. Um filme realizado, e com toda a justiça, em torno da personagem Nelly Lenz e da fortíssima personalidade da actriz Nina Hoss.
Afinal quem canta «Speak Low»?
Que século XX é este que se torna intransponível?
Por que lançará ele o inesgotável sobre a Arte?
Poderá a Arte dissolver o insolúvel?

jef, abril 2015

«Phoenix» de Christian Petzold (2014). Com Nina Hoss, Ronald Zehrfeld, Nina Kunzendorf, Michael Maertens, Imogen Kogge, Kirsten Block.

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