quarta-feira, 8 de abril de 2015

Sobre o filme «Europa 51» (1952) de Roberto Rossellini











Consciência de classe ou esperança de classe.

Este filme é uma sucessão incoerente de modos de olhar. Começa por uma anedota: um casal discute entre «consciência de classe» e «dores de pernas» quando estão perante uma greve de transportes urbanos. Logo depois entramos numa sequência de cenas em ritmo acelerado na casa de uma família da alta burguesia. Dá-se a tragédia e a tomada circunstancial de consciência do mundo, da miséria, da luta de classes, do trabalho, do delito, dos afectos, da perturbação emocional. Irene e Andrea discutem entre consciência e esperança. O ritmo abranda, os rostos surgem encantados. Ingrid Bergman versus Giulietta Masina. O neo-realismo passa testemunho ao drama existencial, à intriga psicanalítica. Roberto Rossellini versus Manoel de Oliveira, Frank Capra ou Alfred Hitchcock. A causa religiosa versus a causa judicial. A causa política versus a bondade pura e intrínseca, logo a causa mais íntima do ser humano. Ingrid Bergman invade a alma do écran. Há quem a chame comunista, há quem a trate como santa […]

[…] Talvez o dia-a-dia seja mesmo uma série incoerente de paradoxos entre o trabalho, o amor, a consciência e o deslumbramento.

jef, abril 2015

«Europa 51» (1952) de Roberto Rossellini. Com Ingrid Bergman, Alexander Knox, Ettore Giannini, Giulietta Masina

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